domingo, 16 de dezembro de 2012

História de Belo Horizonte - XV - Exoneração de Aarão Reis

Como pode ser constatado pela notícia do Jornal Contemporâneo de Sabará, algo semelhante ao que aconteceu com Moisés ocorreu com Aarão Reis. Moisés, no Êxodo bíblico trouxe o povo hebreu até a "beirada" de Israel, mas Deus o "recolheu", e lhe disse que ele não entraria na Terra Prometida. Pois bem, Aarão Reis foi exonerado do cargo de Engenheiro Chefe da Comissão Construtora da Nova Capital, apesar do discurso da notícia, elegante, de que ele pediu exoneração. Assim é o Governo. Gosta de esconder a realidade, para não ter que explicá-la.

A verdade é que Aarão Reis era um Engenheiro de formação positivista, que planejou Belo Horizonte com severas regras de Higiene e distribuição das "classes" de moradores, preocupando-se com mo aspecto residencial, lazer, energia e abastecimento de água. Em outras palavras, era alguém muito sistemático e capaz, o que despertou irritação de interessados em alterar alguns detalhes no projeto original.

Escreveu diversos trabalhos, sobre engenharia e obras públicas, aplicação da eletricidade, obras contra as secas, trigonometria, álgebra, estatística e aritmética. Alguém com toda esta capacidade não admitiria ninguém metendo o bedelho no seu trabalho por motivos de conveniência social ou política. Ou seja, Aarão Reis não era flexível para negociações. Daí sua exoneração.

Principalmente o assunto das desapropriações dos terrenos provocaram protestos documentados no arquivo da Comissão Construtora da Nova Capital. Alguns exemplos:

08/06/1894 - Ofício do secretário da Agricultura para o vice-cônsul da Itália sobre desapropriação em Belo Horizonte;
23/09/1894 - Carta de imigrante italiano ao engenheiro-chefe sobre arbitrariedades nas desapropriações. Comunica também pedido de ajuda feito ao consulado;
04/12/1894 - Carta do diretor do Banco Viação do Brasil ao engenheiro-chefe sobre desapropriação das fazendas Alagoinhas e Morada Nova;
08/07/1894 - Carta do gabinete do secretário da Agricultura ao engenheiro-chefe sobre critérios para as desapropriações;
02/03/1895 - Ofício do Escritório Técnico ao engenheiro-chefe sobre ofício do Bispo de Mariana e parecer do consultor jurídico a respeito da lei de desapropriação de terrenos da nova capital.

A lista não é pequena. Os desgastes foram se prolongando com o Presidente do Estado (Bias Fortes), até culminar no desentendimento final. Aarão Reis não era homem de ceder. E Bias Fortes também era um político forte, em segundo mandato, que também não cederia. Um grande problema do Brasil é a POLITICAGEM EM QUALQUER ASSUNTO. Sempre alguém quer sua conveniência, atrapalhando projetos planejados para dar o melhor.





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