Para economizar recursos, vamos ao Arquivo Público Mineiro via Internet:
E procurar os Jornais Mineiros do século XIX (1801-1899), pois a inauguração de Belo Horizonte se deu em dezembro de 1897.
Nossa intenção é encontrar citações da Nova Capital de Minas. O resultado vai ser decepcionante. Muito pouco, quase nada, se falou da Nova Capital Mineira.
O Estado de Minas
Uma das mais pretensas fontes jornalísticas da época seria o Estado de Minas, destaque da Imprensa Mineira, que chegou até os dias de hoje (sua história é algo à parte). Pois percorremos cada um de seus exemplares, desde 1894, pois foi no mês de maio deste ano que o Decreto 714 do Governo Estadual determinou as desapropriações de fazendas na região do Curral Del Rey, de forma a lançar as bases geográficas da Cidade de Minas, depois Belo Horizonte.
Confessamos nossa decepção com os achados (ou não achados).
Curiosidade é constatar que o jornal variava de semanal a quase frequência de 10 dias. Explica-se tal dispersão de frequência a demora na escrita, revisão, diagramação e no final a composição dos tipos para impressão. E depois ainda era preciso fazer a distribuição no Estado, é claro que nos principais polos de Minas Gerais. Era trabalho realmente árduo. E o resultado era uma edição de apenas 4 páginas, ou 7 no máximo em pouquíssimas edições.
A Posse de Cripim Jacques Bias Fortes
Na edição Nº 414 de 15/09/1894 noticia-se a posse do Governador Bias Fortes, importante no processo de continuação do projeto da Nova Capital:
Uma visita da Nova Capital
Na edição Nº 425 de 16/02/1895, uma referência ao Palácio da Liberdade:
A transferência das Repartições Públicas
Na edição Nº 499 de 14/11/1897 encontramos uma notícia prosaica:
Para uma mudança tão importante, a notícia é "deverasmente" lacônica.
O Governador se prepara
A seguir, quem era o Governador, e o que fazia na ocasião:
Sim, o Governador do Estado de Minas Gerais era Crispim Jacques Bias Fortes, ou simplesmente Bias Fortes, natural de Barbacena (1847), e Governador por dois mandatos (1890-1891 e 1894-1898).
O que se noticiava
Nas edições do Estado de Minas anunciava-se Falecimentos, um Folhetim era editado no rodapé da segunda página, por vezes de poetas e escritores brasileiros famosos, como: Joaquim Manuel de Macedo, Cláudio Manoel da Costa e outros. Fala-se muito de política, afinal estamos em Ouro Preto. Já na página 4 desta edição de 7 páginas, já começam anúncios e "classificados" de agradecimentos e votos de santos, afinal Ouro Preto é muito religiosa, como a maior parte das cidades oriundas do legado colonial da história do Brasil. Fala-se da questão do Oriente em relação aos turcos de forma especulativa por demais, dado que, se a imprensa brasileira não conseguia dar conta dos assuntos regionais, como estava opinando sobre os internacionais ? Cita-se muito os médicos, Coronéis da política e fala-se até de São Paulo. Tereia Minas tão poucos atrativos que precisasse elogiar o progressista estado vizinho em edição de apenas 4 páginas ? Julgue você mesmo lendo esta edição no site citado.
Edições anteriores
Nas edições 498, 497, 496, 495, 494, 493 e 492 nada se fala da Nova Capital. E estas edições cobrem os meses de julho a outubro daquele ano. Decerto que a Guerra de Canudos ocupava o noticiário (uma coluna ou menos), mas a capital do estado ia ser mudada. É imperdoável. Havia mais anúncios de panaceias farmacêuticas e óbitos do que da Nova Capital. É IMPERDOÁVEL.
Contexto Histórico
A República tinha apenas 8 anos de vida. O Presidente da República, Prudente de Morais tem o atentado à sua vida noticiado nesta edição do Estado de Minas. A Guerra de Canudos estava chegando ao fim.
Resultados
Os resultados da pesquisa no "Grande Jornal dos Mineiros" só servem para o leitor se situar mais ou menos no momento histórico. Não encontramos aquilo que esperávamos: um acompanhamento meticuloso da preparação para o estabelecimento da Nova Capital do Estado de Minas Gerais. Historicamente o Estado de Minas falhou em sua missão, e jornalisticamente se comportava como Jornal Provinciano, ao invés de um jornal de capital de Estado que extraía riquezas.
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