quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Nomeação do Primeiro Prefeito de Belo Horizonte

No início de sua história, como cidade planejada, Belo Horizonte era chamada Cidade de Minas.

Aqui está a notícia no jornal Minas Geraes da nomeação do primeiro prefeito de Belo Horizonte, Dr. Francisco Sales:




sábado, 5 de janeiro de 2013

Descrição de Belo Horizonte no seu início de vida

Estas são as imagens de um artigo do Jornal de Minas Geraes escrito pelo Coronel Ernesto Senna, em visita à Nova Capital mineira em setembro de 1898, alguns meses após a inauguração de Belo Horizonte.

O artigo é extenso, e ao final deste post está a transcrição do texto, pois algumas partes estão apagadas, pela deficiência no método de escaneamento do jornal. A transcrição também será útil para estudantes e pesquisadores em seus trabalhos, bastando utilizar o recurso do copiar e colar.

Os trechos estão numerados na mesma sequência das imagens, inclusive respeitando o conteúdo de cada linha para facilitar a procura.

Parte 1


Parte 2

Parte 3

Parte 4
Parte 5

Parte 6

Parte 7

Parte 8

Parte 9

Parte 10

Parte 11

Parte 12

Parte 13

Parte 14

Parte 15

Parte 1


CIDADE DE MINAS

Em suas edições de anteontem e trás
anteontem publicou o Jornal do Commer-
cio minuciosas e interessantes notícias das
imponentes festas com que esta Capital ce-
lebrou a posse do novo governo deste Es-
tado.
Desses artigos. Devido à pena do nosso
distinto colega sr. Coronel Ernesto Senna,
que representou o eminente órgão flumi-
nense por ocaisão das referidas festas, ex-
traímos com a devida vênia a seguinte
parte dedicada à descrição desta Capital:
“Na manhã de 7 do corrente, os represen-
tantes da Imprensa do Rio, acompanhados
pelos colegas mineiros, visitaram de carro
grande parte da cidade e seus principais
edifícios.
O local em que está construída a cidade
de Belo Horizonte era denominado arraial
do Curral d' El Rey.
Nele existiam muitas casas construídas
de taipa e grande número cobertas de telhas
e de sapé, sendo que a maioria da popula-
ção era pouco abastada.
Junto ao povoado ainda existe a velha
Igreja, já bastante arruinada, onde os fiéis
iam fazer as suas orações nvotivas, festejan-
do a padroeira Nossa Senhora da Boa Via-

Parte 2

gem.
Internamente ainda conservam-se nos te-
tos e paredes do templo vários painéis de-
corativos de pinturas a óleo cujo estilo ar-
tístico demonstra ter sido executado há
mais de um século.
Nos braços de madeira do sino grande vi-
mos gravad a data de 1741 e no sino a de
1818 e em outro sino menor a de 1787.
Na torre da velha igreja, em um desman-
telado e antiquíssimo relógio, lia-se a data
de 1791 e no altar-mor via-se a um lado a
data de 1788.
O batistério, importante peça artística
de granito e com lavores, e o lavabo da sa-
cristia tinham inscritas a data de 1793.
Apesar de existirem ainda nas proximida-
des do templo algumas casas antigas do po-
voado habitadas por homens de trabalho, a
maioria dos seus moradores abandonou o lo-
cal e formou uma nova vila fora do centro
da cidade, a que deram o nome de Calafate.
Belo Horizonte já possui mais de três
mil casas novas, inclusive os grandes edifí-
cios públicos.
Seus bairros principais são: o Córrego dos
Leitões, Cardosos, Freitas, Lagoinha e Ca-
lafate.
A leste da zona urbana está o comércio,
cujas ruas tem nomes indígenas e dos Es-
tados da Bahia para o Sul.

Parte 3

Do grande número de casas comerciais
ali estabelecidas notam-se pela sua impor-
tância, entre outras – A Capital, dos srs.
Raul Mendes & Comp., Casaes & Comp., Os-
car Trompovsky, Arthur Haas & Comp., Riant
& Comp., A Belo Horizonte, a Casa Negrão,
Beltrão & Comp., Progresso Mineiro e A
Photographia.
A oeste é o bairro dos funcionários pú-
blicos e da aristocracia mineira, onde tive-
mos ocasião de ver as belas residências
dos drs. Edmundo da Veiga, Antônio Olyn-
tho, Afonso Pena e de muitos outros ilus-
tres e distintos mineiros.
As ruas desses bairro tem os nomes de
brasileiros ilustres nas letras e na política
e dos Estados de Sergipe para o Norte.
Aí, sobre elevada colina, existem as
grandes caixas d'água que abastecem a ci-
dade.
O número de casas para o funcionalismo
é, segundo plano aprovado, de 205, tendo
já prontas e habitadas cerca de 200.
O centro da cidade é o destinado à admi-
nistração e nele se destacam belos e sober-
bos edifícios de sólida construção e de apu-
rado gosto artístico.
Nele também salientam-se pelo bom gosto
e apurado estilo os prédios de residência
dos srs. Drs. Salvador Pinto e Hermílio Al-
ves, Raymundo de Paula Dias, Oscar Trom-
povsky, Tricoli, Francisco Soucassaux e ou-
tros.

Parte 4

A cidade é cortada por grande número de
ruas bastante espaçosas e por largas ave-
nidas de nomes: Itacolomy, Cristovão Co-
lombo, Afonso Pena, Araguaya, Paraná,
Brasil, Álvares Cabral, Amazonas, Tocan-
tins, Paraybuna, Paraopeba, Carandaí,
Paraúna, Commercio e Mantiqueira e con-
tornada pela avenida Dezessete de Dezem-
bro, que tem quatro léguas de extensão.
As praças, que são em número de 20, assim
são denominadas: Liberdade, Federação, Amé-
rica, Estação, Quinze de Junho, Belo Hori-
zonte, Quinze de Novembro, José Bonifácio,
Progresso, Cruzeiro, Sete de Setembro, Vinte
e Um de Abril, Benjamin Constant, Tiraden-
tes, Quatorze de Outubro, Quatorze de Feve-

Avenidas

A avenida Itacolomy é a atual avenida Barbacena;
A avenida Araguaya é a atual avenida Francisco Sales;
A avenida Tocantins é a atual avenida Assis Chateaubriand;
A avenida Paraybuna é a atual avenida Bernardo Monteiro;
A avenida Paraopeba é a atual avenida Augusto de Lima;
A avenida Paraúna é a atual avenida Getúlio Vargas;
A avenida do Commercio é a atual avenida Santos Dumont;
A avenida Mantiqueira atual avenida Alfredo Balena;
A avenida Dezessete de Dezembro é a atual avenida do Contorno (pois neste dia foi definido o local para a construção da Nova Capital de Minas).

Praças

A praça da Federação é a praça do Coreu ou da PUC localizada no bairro Coração Eucarístico;
A praça Quinze de Junho fica no bairro Lagoinha, na confluência das ruas Além Paraíba e Sete Lagoas;
A praça Belo Horizonte é a atual praça Floriano Peixoto (praça do Batalhão de Guardas em Santa Efigênia);
A praça do Cruzeiro é a atual praça Milton Campos;
A praça Quatorze de Setembro é a atual praça Raul Soares;
A praça Quinze de Novembro é a atual praça Hugo Werneck em Santa Efigênia;
A praça Benjamin Constant fica no bairro Cachoeirinha;
As praças América, 14 de Fevereiro, José Bonifácio, Progresso, da República acabaram não sendo efetivamente implementadas, apesar de constarem do projeto inicial de Aarão Reis.



Parte 5

 reiro, Quatorze de Setembro, República e Treze de Maio.

Na parte central da cidade está o grande
parque, que é atravessado pelo rio Arruda e
pelo córrego do Acaba Mundo, canalizado
pela avenida Affonso Pena, e possui, além
de várias e elegantes ilhotas, pontes rústi-
cas, cascatas e altos repuxos.
O parque ainda não está completamente
concluído, o que feito será talvez um dos
maiores do Brasil.
Na cidade e junto a esse parque destacam-
se várias pontes de sólida e proficiente exe-
cução.
Na praça da Liberdade estão: O Palácio do
Governo que tem a concluir o frontispício,
cujos trabalhos estão sendo executados sob
a direção do sr. Conde de Santa Marinha,
e os edifícios das Secretarias do Interior, das
Finanças e da Agricultura, executados segun-
do o projeto do arquiteto sr. José de Maga-
lhães, por administração, sob a fiscalização
imediata da ex-Comissão Construtora,
da qual é o chefe o dr. Francisco Bicalho, e
pelos engenheiros Couto e Pedro Sigaud,
que também fiscalizaram as construções dos
edifícios destinados à Secretaria da Polícia,
o Forum, o Ginásio e outros edifícios pú-
blicos.
O Palácio também tem em construção a
parte anterior, destinada às recepções ofici-
ais e cujo frontispício é todo de cantaria
lavrada.

Parte 6

 Esta parte abrange no primeiro pavimento
o peristilo, o vestíbulo, o corpo da guarda
e as entradas para os carros nos dois pavi-
lhões laterais e no segundo pavimento o
grande salão e os terraços nos pavilhões
laterais, achando-se concluída a parte desti-
nada à ...ação presidencial.
Os projetos do Forum e do Ginásio e
ainda dos outros edifícios são do hábil arqui-
teto dr. Edgar Nascentes Coelho.
A decoração interna e pinturas gerais de
todos os edifícios do Estado foram executadas
pelo provecto artista Frederico Steckel, cujo
nome é vantajosamente considerado no Bra-
sil, pela proficiente execução que dá aos
trabalhos que lhe são confiados.
Nas tais secretarias chamam a atenção
dos visitantes as ornamentações dos tetos
decorados com singeleza e simplicidade, po-
rém de bom gosto e harmonia de cores, des-
tacando-se as salas de honra e os gabinetes
das diretorias, que são ricamente decorados.
Os vãos da escadaria são igualmente de-
corados a rigor, dando um tom alegre e fes-
tivo a todo o recinto.
No Palácio as decorações são mais ricas
que as secretarias, especialmente o sa-
lão de festas, guarnecido de pilastras imi-
tando … Cerancolim – polido com
capitel ...ses de bronze dourado, supor-
tando … pilastras a grande cimalha, em
cuja … todo o teto decorada no estilo
Luis XVI estão as quatro alegorias Sauda-
ção, Trabalho, Fortuna e Esperança.

Parte 7

As duas laterais, o grande salão de
jantar denominado Leggias e o salão da Bi-
blioteca são decorados no estilo Renaissan-
ce, com tetos de caixolões, e as paredes de-
coradas a caráter. Os dormitórios e mais
aposentos tem tetos riquíssimos, sendo o
dormitório do Presidente no estilo de Luiz
XV.
O vão da grande escadaria de ferro que dá
acesso para o salão do Palácio é todo deco-
rado com pinturas a óleo, tendo no teto a-
legorias do Progresso, à Ordem, à Liberdade
e à Fraternidade. A escadaria é do sistema
Joly, de ferro forjado, com degraus de fino
mármore.
Todos estes edifícios são de aparencia
suntuosa, e cada um deles de estilo e gos-
to diverso.
O edifício provisório do Congresso foi cons-
truído em 48 dias, pelo sr. Francisco So-
caussux, tendo já alicerces o vasto local
destinado à coinstrução do Palácio do Con-
gresso, cujos planos foram apresentados pe-
lo sr. Conde de Santa Marinha e estão apro-
vados após discussão na Câmara dos de-
putados.
Segundo informações, esse plano é um
trabalho de apurado estudo e a sua execução
religiosamente cumprida, dotará a Capital
mineira do mais suntuoso edifício entre to-
dos os que ela já possui.

Parte 8

O edifício será na esquina da praça da
República com frente para a Avenida Afon-
só Pena tendo na outra esquina do lado
esquerdo o Palácio da Justiça.
Já existem na cidade os seguintes edifícios:
Faculdade de Direito, Ginásio Mineiro,
Atheneu Mineiro, Escola Normal Livre, Co-
légio Progresso, para meninas, e o da Ima-
culada Conceição, o grandioso edifício da
Estação Central da eletricidade com todos
os aparelhos aperfeiçoados e possantes
motores e dínamos para o fornecimento da
iluminacao da cidade e o vasto e bem cons-
truído edifício do Grande Hotel, que possui
50 especiais e bem ventilados quartos.
A cidade conta atualmente cerca de
35000 habitantes e na zona suburbana as
ruas tem os nomes de metais e minerais,
tais como rua do Ouro, da Prata, da Plati-
na, de nossas cidades de Minas, como Pou-
só Alçegre, Ouro Preto, Caraça, Peçanha,
e Se..., e as praças da Opala, da Sa-
fira, da Ametista, do Rubim, do Topázio,
da Es... e da Turquesa.
Os bairros extremos na zona suburbana
são Pedro Pinto, Pastinhos, Meneses, La-
goinha, Carapuça, Cardoso e Mangabeiras.
Na cidade publicam-se seis jornais:Minas
Geraes, órgão oficial, instalado em edifício
Parte 9

próprio e de grandes dimensões, com todos
os aperfeiçoamentos da arte tipográfica
moderna; e os semanários Bello Horizonte,
Téla, A Capital, O Forum e A Academia.
A Brigada Policial do Estado compõe-se
de 2500 homens, divididos em cinco bata-
lhões, e no quartel provisório de Belo
Horizonte está aquartelado o 1º batalhão de
Infantaria dessa Brigada e um esquadrão de
100 praças de Cavalaria.
Comanda a Brigada o coronel Felipe
Correa de Melo, velho militar cheio de ser-
viço à Pátria e em cujo caráter de discipli-
nador enérgico aliam-se generosos senti-
mentos de fino trato e de elevada educa-
ção.
O 1º batalhão de Infantaria é comanda-
do pelo tenente-coronel Pedro Varella.
Nas colinas próximas da cidade existem
ainda outros bairros de operários, desta-
cando-se o da Favela pela grande quantida-
de de casinhas construídas e habitadas,
e que dentro de breve tempo serão manda-
das demolir pela Prefeitura.
Ainda possui a cidade a Capela do Rosa-
rio, elegante templo de grande simplicidade
aliada a apurado gosto artístico e um vasto
cemitério fora do centro da cidade, com um
necrotério arquitetado e construído pelo
sr. Conde de Santa Marinha.

Parte 10

Esse pequeno edifício, que foi habilmente
delineado, é um trabalho de original con-
cepção e foi construído com bastante profi-
ciência e apurado gosto.
As ruas de Belo Horizonte não são ainda
calçadas, mas a Prefeitura não se descuida,
pois que constantemente carroças de irriga-
ção as percorrem, evitando assim as nuvens
de pó, que levantadas pelo vento, invadem
todas as habitações, obrigando-as a se con-
servarem fechadas.
A rede de serviços de abastecimento d'á-
gua e esgoto é um trabalho cuidadosa-
mente planejado e orgaizado como talvez
não haja segundo no Brasil.
Em uma das praças de Belo Horizonte, a
sra. d. Anna Salles, respeitável esposa do dr.
Francisco Salles, organizou uma grande
“kermesse” que tem sido muito concorrida
pelos intuitos humanitários a que seu re-
sultado se destina.
Entre os muitos restauranmtes da cidade
conta se o Restaurante do Congresso, do sr.
Alfredo Ribeiro, onde os hóspedes são ser-
vidos abundantemente por um perito mes-
tre culinário.
Na cidade já trafegam cerca de doze car-
ros de praça e particulares e grande núme-
ro de pequenas carrocinhas para condução
de carne verde, legumes, pão, etc.

Parte 11

A Estrada de Ferro Centralo corta a cidade
em várias direções, já para chegar até o
Palácio do Governo, já para ir a outras lo-
calidades para onde se destinam os mate-
riais de construção.
A operosa colônia italiana é ali represen-
tada por cerca de quatro a cinco mil ho-
mens, a Espanhola por dois mil e qui-
nhentos e a portuguesa por cerca de 600.
A grande maioria das duas primeiras co-
lônias compõe-se de operários, e não raro é
verem se mulheres de bombachas exercendo
a trabalhosa profissão de pedreiro.
No Grande Empório de Móveis dos srs. A.
Casaes & Comp. Vimos a planta do projeto
do teatro a construir-se no quarteirão 23
da seção III, concebido pelo sr. Francisco
Soucaseaux e delineado pelo arquiteto sr.
José Grossi.
O terreno para construção do teatro
deve ter 2000 metros quadrados e o seu
estilo não se subordina a tipo clássico de-
finido, antes obedecendo a um caráter ar-
tístico pessoal.
A distribuição pela planta que vimos é a
seguinte:
Entrada principal para a platéia, camaro-
tes e galerias nobres pela rua da Bahia, en-
tradas para camarotes pela avenida Afonso
Pena e rua da Bahia; entrada para as ge-
rais pela avenida Afonso Pena e rua que
olha para uma das faces laterais do
Congresso.

Parte 12

Após as entradas encontram-se vestíbulos
com guiches para a venda de bilhetes.
A platéia, em forma de ferradura, tem as
dimensões de 18,90 m x 17,00 m.
O palco afeta a forma poligonal, tendo
na maior dimensão longitudinal 17 m e na
transversal 15.
O pano é inteiriço e de fio metálico, ga-
rantido contra os incêndios e trabalha em
corrediça.
Possue o teatro três ordens de camaro-
tes, uma galeria geral sobre a última or-
dem e galerias nobres nas três ordens.
A caixa tem de altura 20 metros; é bem
ventilada. Possue cobertura metálica e ne-
la se acham os camarins para os principais
artistas.
A separação dos camarotes foi feita com
inclinação de 45 graus, convergindo todas
as linhas separatrizes para um ponto situa-
do no palco.
O vestiário dos comparsas está situado no
porão, que tem de pé direito 6 m e acha-se
debaixo do palco.
Aí também trabalham os diversos maqui-
nismos e acessórios. Este porão tem jane-
las e saídas para todos os lados.
Todas as salas e as diversas ordens de ca-
marotes, além das entradas que lhe são
próprias, podem se comunicar por meio
de passadiços cobertos; tendo a forma de

Parte 13

varandins e dando para os terraços e jar-
dim.
As portas, denominadas de vai e vem, se
abrem nos dois sentidos, precaução utilís-
sima em caso de incêndio.
No palco será colocado um aparelho
Greenel, que tão bons resultados tem dado
em vários teatros e fábricas, para a ex-
tinção de incêndios.
Há botequins nos terraços que deitam para
a rua da Bahia e Afonso Pena e um res-
taurante do lado da rua da Bahia. A instala-
ção sanitária está distribuída com simetria
e facilidade de acesso.
Todo o teatro será iluminado a luz elé-
trica, assim como o jardim e terraços. Há
salas para conversação nos intervalos dos
atos e aposentos para toalete e em frente
da avenida Afonso Pena ficará um grande
salão para patinação.
Em um dos ângulos do terreno há um jar-
dim com um artístico pavilhão para música.
A primeira construção particular execu-
tada em Belo Horizonte, quando iniciados
os primitivos trabalhos da Comissão Cons-
trutora da Nova Capital, foi o edifício
das grandes oficinas do sr. Conde de Santa
Marinha, próximo à Estação da Estrada de
Ferro.
O edifício tem 136 metros de comprimen-
to sobre 43 de largura e 15 de altura, e sua
fachada é de pegões e arcarias de cantaria
lavrada.

A Casa citada é hoje o Espaço Cultural Casa do Conde na rua Januária com avenida do Contorno, no bairro Floresta.

Parte 14

 Nele se acham instaladas as oficinas de
carpintaria, serraria, serralheria, fundição
de ferro e bronze, tudo movido a vapor,
tendo para isso assentados os aparelhos pre-
cisos e os mais aperfeiçoados que se podem
importar.
Além das oficinas, estão nele instalados
os escritórios, salas para desenho, arma-
zém do almoxarifado, que serve de depósito
para todas as matérias precisas para cons-
trução de obras.
Há, além deste edifício, outros em pequena
escala, que servem para depósito de apa-
relhos, como sejam: cabreas, maquinas a
vapor, carroças de todos os tamanhos, in-
clusive as de condução de grandes pedras,
dispondo, além disso, de um completo ma-
terial rodante, composto de 15 vagões e
uma locomotiva, que tem sido aproveitada
desde o princípio da construção da cidade,
tanto para as obras particulares como para
as do Governo.
Neste edifício trabalham 55 operários.
Ainda o vasto estabelecimento dispõe de
uma fábrica de cerâmica, cujos produtos
rivalizam com os importados da Europa e
nela estão empregados 12 operários.
Explora ainda o estabelecimento uma gran-
de pedreira que dispõe de aparelho movi-
do a vapor, oficina de ferreiro e depósito
de materiais. Ali trabalham 122 operários.
Desta pedreira tem saído toda a pedra para
as obras do Palácio.

Parte 15

 Sob a direção e planos do sr. Conde de
Santa Marinha, está quase concluído em Car-
doso o vasto e imponente quartel da bri-
gada policial, construção presidida com
proficiente cuidado e delineada de forma a
torná-lo um edifício digno e completo para
o fim a que se destina.
Entre muitos outros edifícios que foram
executados sob sua inteligente direção são
dignos de nota o da Imprensa Nacional, a re-
sidência do sr. dr. Antônio Olyntho, o Ne-
crotério no cemitério municipal, e outros
edifícios particulares cuja execução revelam
o bom gosto artístico do operoso construtor.
Logo ao lado do grande estabelecimento
construiu o sr. Conde um belo palacete ava-
randado na frente, tendo no centro eleva-
do zimborio, onde se descortina todo o belo
panorama da grande Capital Mineira.
O palacete, caprichosamente construído,
tem vastas acomodações, grandes salões e
é decorado com apurado gosto pelo artista
Frederico Steckel.
Bela e luxuosa escada de cantaria, artis-
ticamente disposta, dá acesso ao pavimento
superior do edifício, que tem terreno para
ser aumentado no caso de necessidade.
Tão bem localizado está, tão bem construí-
do, que o governo cogita fazer dele aqui-
sição para instalar o Telégrafo e a Admi-
nistração dos Correios.”





















quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

História de Belo Horizonte - Quanto custava uma casa na Nova Capital

Aqui um ilustre proprietário da família Gutierrez coloca uma casa a venda, já especificando o aluguel nominal que poderia ser obtido a partir dela:


O valor de 500 mil Réis corresponde, conforme o post História de Belo Horizonte - II - Contos de Réis corresponde a meio conto de Réis, e em moeda de hoje a R$ 56 x 0,5, ou seja, R$ 28,00, apenas. Para a época era uma quantia razoável, e a casa devia ser bem grande (as famílias podiam ter de 12 a 14 membros).



História de belo Horizonte - Equipamentos importados

Por este artigo pode-se avaliar a situação do desenvolvimento tecnológico e industrial da época, em que se importava equipamentos para o saneamento. Hoje isto se faz só para a parte de instrumentação e controle.



História de Belo Horizonte - Financiamento de Casa

Os militares que foram forçados a se transferir para a Nova Capital não podiam arcar com a compra de terrenos em Belo Horizonte. Era uma cidade planejada, e tudo se faria para que ela não fosse ocupada desordenadamente. Abaixo temos a notícia em que se registra o pedido de financiamento de casa para um Capitão da Brigada.


O fato de o ofício ser enviado para a Secretaria de Agricultura se justifica pela associação que se fazia entre terreno e agricultura.

História de Belo Horizonte - Propostas para compra de Lotes

Um dos atestados de modernidade e de cidade planejada é o uso de concorrência para arrematar lotes para construção em Belo Horizonte. Esta notícia descreve uma concorrência complementar devido às "sobras" da concorrência anterior (e mais abrangente).


As concorrências para este fim era regulamentadas pelo decreto 803, citado na notícia.

A seguir vem os Editais de convocação dos vencedores.